Qual é a importância de dialogar com o contador?

11/08/2016 - Qual é a importância de dialogar com o contador?

Postado em 10/08/2016 - Fonte: Jornal do Comércio - RS

Qual é a importância de dialogar com o contador?

Paula Daiana Masera, contadora do Escritório Contábil Luiz Lang & Mauro Masera, responde.

Aí, você acorda de manhã, e lembra: “Hoje, tenho que resolver aquela notificação da Receita Federal; tenho que ver, porque não estão conseguindo emitir a Nota Fiscal Eletrônica no meu cliente; resolver as 56 pendências acusadas na escrituração; entregar as EFDs, DCTFs, Speds Fiscais, ECFs etc.”, e, então, dá aquela imensa vontade de voltar pra cama e dormir até o 15º dia útil do segundo mês subsequente, quando todas as suas obrigações do mês estarão resolvidas. Calma, respira, não pira, que ainda há prazo. Agora, se você se identificou um pouco com esse relato, é porque, provavelmente, é um contador e anda dormindo e acordando com a mente a mil por hora, perguntando- -se por que não estudou educação física para ensinar vôlei à beira-mar de Florianópolis. Mas a resposta é muito simples: porque você sempre foi meio desengonçado quando precisava sacar uma bola e, na matemática, você ia muito bem, obrigado. E, então, você resolveu ir para as contas. E viu que, nas contas, você primeiro tinha que consultar as leis. E, consultando as leis, você viu que tinha que ler mais. Lendo mais, você viu quão grande é o universo empresarial e, consequentemente, quão grande é a sua responsabilidade. Bingo. Você já está envolvido até o pescoço e não tem como dizer “bye bye, mundo cruel”, porque há muitos negócios que dependem da sua preparação. Isso mesmo. Da preparação de você aí, contador. Afinal, você adora matemática e agora vai ter que adorar também toda a complexidade que envolve a gestão de um negócio, e isso envolve muitas burocracias e obrigações acessórias que estão quase te deixando maluco. Quase. Só quase. Porque elas só vão te enlouquecer se você deixar. Acordar cedo e resolver problemas não é uma tarefa exclusiva de um contador. Um engenheiro tem toda uma estrutura sustentada no trabalho por ele feito. Um psicólogo tem que segurar a barra de muita gente e ainda estar bem pra dar conselhos bons para aquele paciente que ele já nem sabe mais o que dizer. Uma advogada tem que respirar fundo e confiar muito em si mesma para ser convincente em toda a justiça que ela sabe que traz junto de seu trabalho. E, nós, contadores, então, não somos os únicos que têm que fazer inúmeros malabarismos para conciliar as obrigações de trabalho. Tá, tudo bem, confesso que são muitas e desconfio que estamos sobrecarregados. Mas você vai fazer o quê? Vai deixar isso tudo te enlouquecer ou vai se organizar para seguir o passo a passo de uma rotina que pode ser leve? Sim, você pode dormir e acordar tranquilo, se deixar seus problemas de trabalho no trabalho. Você consegue? Que tal tentar? Sim, você pode acordar e tomar um café bem especial ao lado de quem você gosta, chegar no seu ambiente de trabalho sorrindo e, então, cumprir sua agenda preestabelecida, e, ao final do trabalho, ir correr, malhar, estudar, ou mesmo ir deitar no sofá da sua casa, sem ter que ficar trabalhando até às dez horas da noite. E quanto a este trabalhar, me refiro ao trabalho mental também. Desliga, fica a dica. Ao final de 40 anos trabalhando na área, você terá uma bagagem intelectual violentíssima, e isso é ótimo. Mas não vai querer estar com um aspecto desgastado, de quem não cuidou de si próprio. Então, contador, colega, vamos voltar à primeira série, e aprender a contar até 10 e respirar fundo, porque o estresse que adquirimos é o estresse que nós mesmos absorvemos e deixamos tomar conta de nós. E eu não preciso dizer que isso não vai ser nada bom para a sua saúde. Vamos nos unir, sim, para que mudanças na nossa área ocorram, e que o Fisco seja mais coerente e realista nas interferências que faz em nossa profissão. Mas vamos nos unir, principalmente, para criarmos uma classe contábil renovada, que tenha ciência das suas inúmeras responsabilidades, mas também da sua capacidade de atendê-las de forma amena e tranquila, amando a sua profissão, e, acima de tudo, a si mesma.